Viajar, Perder Países

Depois de um ano de celebrações sobre o nascimento de Fernando Pessoa, António Capelo regressa ao universo assombrado do poeta, explorando algumas das passagens mais significativos da sua obra. Espetáculo destinado a um público escolar, que celebra, pela voz de Romi Soares e um violoncelo, a glória desse viajante prodigioso, cuja errância pessoal e poética evoca “aquele outrora” da infância perdida, “como se cada pedra fosse todo um universo”. A interseção desse sujeito que exulta a viagem e o sujeito que regressa à casa, o “Argonauta dos sentidos”, desenha uma sucessão de retratos vivos, do cais à casa da infância, da urbanidade ao silêncio do mundo, a casa primordial.

O poeta do fingimento habita também neste palco: “sou a cena viva, onde passam vários actores representando várias peças” (Bernardo Soares).