Condições Adversas
22 a 24 março'24
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ACE Escola de Artes
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Palácio do Bolhão
Um lugar à beira mar. Uma praia. Uma praia numa ilha formada pela subida do nível do mar e que está condenada ao desaparecimento – foi anunciado que uma onda gigante se aproximaria da ilha e que esta seria arrasada. Na ilha, estão algumas e alguns habitantes, as pessoas que sobram. Estão conscientes da chegada da onda. Esperam.
Começámos este processo atravessados pela sensação de que há algo prestes a acontecer e que não podemos fazer nada para o evitar. Não. Começámos este processo com a sensação de que há algo que já está a acontecer e que não podemos fazer nada para evitar que aconteça. Não. Começámos este processo, cientes de que há algo que está a acontecer, conseguimos ler-lhe os sinais, mas pouco fazemos para o evitar.
Quisemos dizer que temos de agir para evitar uma catástrofe mas tivemos de assumir que já vivemos em catástrofe. Parece até que vivemos insensíveis à catástrofe. Cada vez mais entorpecidos e doentes, fomo-nos adaptando à angústia, à dor e ao sofrimento (principalmente, ao das outras pessoas) e seguimos, sem saber para onde, mas mantendo os gestos de todos os dias. Seguimos, continuamos, apenas isso. Mas continuamos o quê? Um caminho para o abismo? “Nada a fazer”, disse Samuel Beckett, na abertura de À espera de Godot, há mais de 70 anos. Que podemos dizer nós, agora?
Ao longo do processo fomos desenhando hipóteses, escrevendo o texto, definindo e construindo personagens: quais são as suas características, como se encontram ou desencontram, qual a sua relação com o anúncio da chegada de uma onda e o seu consequente desaparecimento. Chegámos a um resultado, a uma possibilidade. Largámos muitas outras pelo caminho. Foi um trabalho que envolveu todas as alunas e alunos num processo de construção de um espetáculo de teatro, desde as primeiras ideias até à sua concretização, passando pela escrita, por improvisações conjuntas, por experimentação de cenografia e figurinos, de sonoplastia e luz. Como sempre, nem todas as hipóteses chegam agora a ser apresentadas ao público. Como quase sempre, com mais tempo, teríamos afinado as várias componentes desta ideia, deste esboço de conversa que quisemos ter com o mundo. Mas é onde estamos, onde chegámos. E posso dizer que aprendemos muito com este processo.
António Júlio
Agradecimentos: Bruno Moreira, Raquel S..
encenação ANTÓNIO JÚLIO
cenografia ANA TELES, INÊS VELOSA, LUNA FRAGUA e MANUEL RODRIGUES figurinos e adereços ANA DIAS, ANITA HENRIQUES, CAROLINA CARVALHO, CHARLOTTE HILL, DIANA MARQUES, FÁBIO RODRIGUES, LARA DIAS,
LAURA GERMANO, MARIANA SOUSA e SOLANGE CUNHA interpretação ANA ROCHA, AURUM BENTO, BEATRIZ LEITE, CAROLINA LIBERAL, EDUARDO CUNHA, FRANCISCA BAROSA, GABRIELY VALENTINE, HELENA GONÇALVES, IARA RIBEIRO, INÊS SOUSA, MATILDE FERREIRA, MIGUEL MOREIRA, MIGUEL OLIVEIRA, NATÁLIA GUEDES, NATHÁLLIA OSÓRIO, SANTIAGO MATEUS, SOFIA MONTEIRO, SOFIA SOARES e TIAGO VELOSO luz FÁBIO PINHEIRO, LEANDRO OLIVEIRA, FILIPA MACHADO e JOSÉ DIAS som JORGE MESQUITA, ARTUR CARDARETTI, JOSÉ GARCIA e SOFIA NECRASOV
assistência de encenação DUARTE TAVARES coordenação de cenografia e adereços CÁTIA BARROS coordenação de figurinos LOLA SOUSA coordenação de luz MÁRIO BESSA coordenação de som RUI LIMA apoio a guarda-roupa MAFALDA COSTA apoio técnico JOÃO BRITO, JOÃO MARTINS, TOMÉ LOPES, MELISSA SILVA (ESTAGIÁRIA) divulgação NUNO MATOS fotografia PEDRO FIGUEIREDO vídeo VASCO SANTOS produção executiva ROSA BESSA direção de produção GLÓRIA CHEIO direção técnica PEDRO VIEIRA de CARVALHO direção de cena JESSICA DUNCALF