Overdrama

01 a 03 março'22
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ACE Escola de Artes
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Palácio do Bolhão
Overdrama

Estas pessoas que aqui estão, visíveis e invisíveis, iniciaram os seus cursos cheias de pujança e alegria. Eu estive lá, presenciei essa vontade de fazer, de ser, de agarrar o mundo! Mas veio uma pandemia, e nenhum de nós sabia o que era viver em pandemia. E veio uma guerra, e nenhum de nós sabia o que era viver em guerra. Eu nasci depois do 25 de abril, eles e elas nasceram depois do 11 de setembro. Somos do depois. Procuramos, de todas as maneiras, perceber o antes, mas chegámos depois. Overdrama: estamos aqui, agora. O texto do Chris Thorpe, trouxe-nos a oportunidade de olharmos para nós e para a sociedade em que vivemos; fez-nos pensar o problema individual em relação ao problema de todos; fez-nos olhar para o exemplo de Mohamed Bouazizi e como esse caso se fez projetar numa praça como a de al-Tahrir, como em todas as praças onde se grita liberdade, onde se reclamam direitos, onde se espera existir. Discutimos sobre o que é agir e não ceder ao entorpecimento. Lembrámo-nos de muitas revoluções, de várias manifestações, do que pode a voz de um povo (e do que não pode, logo a seguir), da importância que tem dizer “não, não passarão!”, e da importância que têm os verbos enfrentar, aguentar, denunciar, resistir. E falámos de esquecer, de não ter idade para lembrar, de perder, perder, perder...
E erguemos um muro para nos protegermos. E derrubámos o muro por percebermos que essa não é a solução: não há muros que nos protejam daquilo que somos. E aconteceu-nos uma guerra... e não sabemos bem o que é... nem se está longe ou demasiado perto... E temos de nos lembrar, mesmo que não tenhamos tido tempo para saber do antes! Que houve uma guerra, antes! Que há guerras, agora! Que isto não está bem! Que não devia ser assim, não pode ser assim! Overdrama não é um exagero. É o que é. E não pode continuar a ser.
António Júlio

 

encenação ANTÓNIO JÚLIO texto CHRIS THORPE cenografia ANA RITA MARQUÊS E PATRÍCIA PORTELA figurinos BEATRIZ OLIVEIRA, FÁBIO HIPÓLITO, RITA EUSTÁQUIO E TERESA PISCO interpretação AFONSO LEITE, BEATRIZ RIOS, BORZYAK, CARLOTA ESTRELA, CAROLINA ALEGRIA, CAROLINA ALMEIDA, CLARA VIEIRA, DANIEL SELBOURNE, ELIZABETH VEITCH, GABRIELA RODRIGUES, HENRIQUE SEIXAS, ISA OLIVEIRA, JÉSSICA FERREIRA, JOANA SANTOS, JOÃO FIGUEIREDO, LARA FERREIRA, LUCIANA BAPTISTA, MARCO MARTINS, MARIA LUÍS LOUREIRO, NUNO PINTO, RICARDO CORREIA SILVA, RITA TEIXEIRA, SOFIA ARAÚJO E TIAGO SILVA luz ANDRÉ FANGUEIRO, CARLOS SOUSA, GONÇALO BRANCO, LUÍS AZEVEDO E NUNO MONTEIRO som ANA MOREIRA, DUARTE SIMÃES, GIL MACEDO E TOMÉ LOPES coordenação de cenografia e adereços PATRÍCIA PESCADA coordenação de figurinos PAULA CABRAL coordenação de luz MÁRIO BESSA coordenação de som RUI LIMA execução de guarda-roupa MARIA DA GLÓRIA COSTA divulgação NUNO MATOS fotografia PEDRO FIGUEIREDO vídeo EVOKE COLLECTIVE produção executiva ROSA BESSA direção de produção GLÓRIA CHEIO apoio técnico FÁBIO FERREIRA, JOÃO BRITO, RODRIGO GOMES E TIAGO SILVA direção de cena JESSICA DUNCALF