A Fábrica - Memórias e Sonhos
27 a 28 maio'22
|
Teatro do Bolhão em coprodução com a Câmara Municipal de Vale de Cambra e a ADRIMAG
|
Antiga Fábrica Martins & Rebello, em Vale de Cambra
A Fábrica – Memórias e Sonhos é o nome do espectáculo que o Teatro do Bolhão criou, juntamente com um sem número de pessoas da comunidade valecambrense. A partir da antiga fábrica, Martins & Rebello instalámos um evento teatral e multidisciplinar de grande escala que celebra a região de Vale de Cambra, a sua identidade, a memória colectiva das suas gentes, o pulsar da sua vida cívica e a alegria da sua vivência em comunidade. O espectáculo constrói-se a partir da presença física da fábrica Martins e Rebello no concelho e da relação que esta criou com as terra e as gentes do Vale encantado. A fábrica é o ponto de partida, o caminho, a viagem no espaço e no tempo, a memória que dela se retém, quer do trabalho quer da vivência quotidiana. Olhar hoje o seu esqueleto faz sobressaltar em nós a inquietação vivida pelos nossos avós, e perceber o desejo de sermos matéria que se fez do mesmo sangue e do mesmo suor.
O teatro, o circo, a dança, o canto habitam os espaços vazios da antiga fábrica, num evento espectacular e festivo com mais de 400 participantes. As paredes da velha fábrica, os seus deteriorados interiores, os caminhos entre secções mostram o que, sendo hoje ruína, é também memória de quantos por aqui passaram e de tantos que daqui ouviram falar. Evocamos o tempo, que já foi dos outros, desses outros que foram a nossa família e continuam a ser a nossa comunidade. Como se os sentidos apelassem às nossas memórias mais profundas, aos nossos amores e desamores, às lutas, conquistas e derrotas e com tudo isso construíssemos uma identidade que nos define e nos torna mais humanos, mais fortes e mais autênticos; mais em acordo uns com os outros e menos em desacordo com a própria vida. Para entendermos que a vida, a que vivemos nós e a que vivem os outros, seja mais a vida que vivemos uns pelos outros. A partir do micromundo do nosso tempo quotidiano, do trabalho nesta e noutras fábricas, alargar a nossa visão e o nosso entendimento ao macromundo desta aldeia global onde todos somos seres humanos e onde todos temos o direito de viver em paz. E tentamos que esta viagem se dirija a um futuro que desejamos mais próximo do equilíbrio entre humanos, entre homens e natureza, entre os que cá labutavam e os que lá viviam e todos criemos laços que permitam que a terra de Cambra cresça em harmonia com o futuro, floresça neste vale encantado e permita que os nossos filhos se anunciem ao mundo de uma forma bem mais positiva…
António Capelo