Desenhar a VAGA é como preparar um encontro para tanta gente que é preciso dar a volta à casa. É escancarar as portas, virar as salas do avesso, encher os lugares de gente. É ser o ponto de encontro entre os que vêm de longe, os que vêm daqui ao lado e os que estão aqui ainda e pela primeira vez. É ser de agora e desde há muito tempo. É poder dar a palavra. É poder juntar vozes. É reconhecer formas de falar. E é perder o rumo à conversa.

Permitir o acesso às entranhas de uma casa que é uma escola e que é uma companhia de teatro e que é, também, um entra e sai de sonhos, expectativas e concretizações. Deixar a sala cheia de inquietações, o corredor de novidades, a escadaria de assombro e as janelas com histórias dos tempos que vivemos.

Em cada espaço da casa serão apresentados projetos que nos foram chegando ao longo dos meses. No Salão Nobre, cada quinta e sexta-feira, haverá espaço para Apatia, uma criação de Mariana Fonseca com um coletivo que já nos visitou anteriormente; Anne Solo (Before+After), uma criação de Sofia Santos Silva com Luís Leitão (Foque), ambos presentes na edição de 2016; Estéril, um projeto de Joana Petiz e Patrícia Deus, que se estreia na VAGA e Encontro da Fecalidade, o projeto vencedor da Bolsa VAGA 2021.

Aos sábados, damos a volta ao Salão Nobre para que se torne numa sala de concertos e para recebermos os projetos da Bruna Costa, do Iúri Santos e dos Ectopluma.

VAGALUME, este ano, faz-nos percorrer outros cantos da casa. Começando com Namoradeiras, uma instalação sonora para descobrir e escutar individualmente em vários locais, disponível durante toda a VAGA; Eu Falo de Quem Fala de Quem Fala que Estou Só, numa sala secreta do 7º piso; Hecatombe, na sala 5; Entre o Céu e a Terra, na escadaria principal e Driving Dry, na Sala Dona Maria II. Todos estes projetos têm características específicas e foram pensados em estreito diálogo com o edifício.

A cada tarde de sábado, escurecemos a Sala de Ensaio para que se torne um espaço de cinema. CINEVAGA apresenta-nos uma série de curtas-metragens pensadas pela Luísa Sequeira especificamente para a VAGA.

E como numa casa de pernas para o ar, trazemos o Sótão para o rés-do-chão, onde estaremos à conversa sobre temas selecionados por aqueles convidados que trazem outros consigo. Ao início de cada tarde de sábado, as conversas serão conduzidas (ou desviadas) pelos alunos e alunas atuais, pelo António Capelo e pela Irene Ferreira. Estas conversas acontecerão no bar e ficarão disponíveis no Sótão – O Podcast da ACE.

E há espaço para outras surpresas.

Resta-nos abrir as portas e deixar entrar quem nos queira visitar.

António Júlio
Curador da VAGA – Mostra de Artes e Ideias